BOBÔ: PALESTRA DE DR. PARANÁ SOBRE HEPATITE C LEVA EX-JOGADORES À ASSEMBLEIA


Uma doença silenciosa e ainda muito pouco debatida no esporte, especialmente no meio do futebol. Essa foi uma das constatações feitas por dr. Raymundo Paraná, um dos maiores especialistas em hepatologia do Brasil e coordenador do Serviço de Gastro-Hepatologia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos.

Ele falou para deputados e vários ex-jogadores do futebol baiano, como Beijoca, Sapatão, Osni, Hugo, Emo, Luiz Alberto e Nilson, que prestigiaram a audiência pública realizada nesta quarta-feira, 30, pela Comissão de Desporto, Paradesporto e Lazer da Assembleia Legislativa da Bahia.

Na abertura, o presidente do colegiado, deputado estadual Bobô (PCdoB) destacou que o conteúdo do debate neste dia tornou a audiência uma das mais importantes realizadas pela comissão. “Vamos fazer mais pelos ex-atletas. Nesse caso da hepatite C, precisamos de maior divulgação do problema, envolver mais os clubes em campanhas educativas. O próximo passo é fazer algo conjunto com a Comissão de Saúde da Casa para reforça essa luta em defesa de uma melhor qualidade de vida para quem deu tantas alegrias ao nosso povo”, disse.



Ao discorrer sobre o tema, Dr. Paraná enfatizou que trata-se de um grande flagelo mundial. “Hepatite C é uma doença viral que leva à inflamação do fígado e raramente revela sintomas. Na verdade, a maioria das pessoas não sabe que tem a enfermidade. Ela é silenciosa. Muitas vezes descobre-se através de uma doação de sangue ou pela realização de exames de rotina, ou quando aparecem os sintomas de doença avançada do fígado, o que geralmente acontece décadas depois”, esclareceu, lembrando que há no Brasil cerca de 2 milhões pessoas infectadas, sem diagnóstico.

O especialista destacou o avanço das políticas de saúde nesse tema, com a criação do Departamento Nacional de Hepatites Virais, Aids e DSTs. “É importante lembrar que é um tratamento caro [cerca de R$ 80 mil] e que o SUS faz de graça. Aqui na Bahia, a Sesab, na gestão de Jorge Solla, ajudou muito nesse trabalho. Hoje temos uma boa assistência médica e farmacêutica em Salvador, exigindo mais atenção com o interior”, pontuou.

Dr. Paraná afirmou ainda que os clubes precisam fazer mais pelos ex-atletas e atuais. Os desafios atuais são o diagnóstico precoce, através de campanhas educativas; formar mais pessoas para o atendimento na baixa complexidade e garantir que os pacientes tenham um bom fluxo de atendimento na rede do SUS. Ele orientou que as pessoas podem fazer exames rápidos e gratuitos nos CTAs (Centros de Testagem e Aconselhamento) e pediu ajuda dos deputados para transferência do atendimento aos pacientes do hospital Octávio Mangabeira.

DEPOIMENTOS

Vários ex-jogadores fizeram questão de falar sobre o problema, como Nilson, um dos primeiros a descobrir a doença e estimular outros companheiros a buscarem apoio. “Fazia vários exames e não dava nada. Só quando doei sangue é que fiquei sabendo que tinha hepatite C. Ainda temos dificuldades em ter os medicamentos e precisamos de mais ajuda”, queixou-se.

Ex-jogador e radialista, Luiz Alberto disse que só soube da doença 25 anos depois de ser contaminado e que é preciso tratar o problema logo. Ele fez relatos dos problemas que passou até superar a doença.

O ex-atacante do Bahia, Beijoca, também afirmou que só descobriu o problema após um exame de sangue. Seu filho, André Beijoca parabenizou a comissão pela iniciativa e, da mesma forma, só soube que tinha hepatite após doar sangue. “É essencial divulgar mais para as pessoas como e onde fazer os exames na rede do SUS”, defendeu.

POLÍTICOS ATENTOS

Representando a Câmara de Vereadores de Salvador, o vereador Everaldo Augusto (PCdoB) ressaltou que a medicina avançou e o acesso da população a alguns serviços, também. “Isso graças as políticas públicas dos governos recentes, ao projeto implantado no País e ao SUS, que sofre críticas, mas não tem reconhecimento do que faz de bom para nossa população. Basta dizer que pobres e ricos fazem transplantes no Brasil pelo sistema. Temos que avançar na sua melhoria através de políticas de Estado”, afirmou.

Vice-presidente da comissão, o deputado Manassés (PSL) exaltou ou a lição dada por Dr. Paraná e pediu que a Federação Baiana de Futebol e os clubes joguem maior papel nessa causa dos ex-jogadores que contraíram hepatite C enquanto jogavam futebol.

O deputado Antônio Henrique (PP) destacou também o trabalho de Dr. Raymundo Paraná com ex-atletas e disse que a comissão levará esse debate ao interior do estado.

ASCOM DEPUTADO BOBÔ
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