Município do semiárido baiano inova na busca de soluções para o enfrentamento da seca

Visando soluções mais eficazes para o enfrentamento da seca, o Governo Municipal de Senhor do Bonfim apostou no pioneirismo ao idealizar o Projeto do Confinamento Coletivo de Matrizes Leiteiras que está salvando da extinção a Cadeia Produtiva do Leite da microrregião, concentrada no distrito de Quicé.

Juntamente com a Cooperativa e a Associação de Produtores de Leite do Quicé (Coopleq e Apleq), o Governo de Senhor do Bonfim está buscando apoio junto aos Governos Estadual e Federal e à iniciativa privada para auxiliar, principalmente, os pequenos produtores de leite, que por falta de recursos próprios estão perdendo drasticamente o rebanho.

O Projeto – O Confinamento Coletivo está em fase inicial. Apenas 23 produtores, dos 104 cooperados, foram contemplados pelo projeto que dá assistência para 5 a 10 vacas (por produtor). No parque, os animais e as respectivas crias receberão por um período de 90 dias, água e ração balanceada, à base de caroço de algodão, milho, bagaço de cana-de-açúcar hidrolizado e melaço. Mais de 130 animais (vacas em lactação mais as crias) já estão adequadamente alojados.

O quadro – A redução do plantel de Quicé, que antes da seca contava com cerca de 30 mil cabeças de gado e produzia um volume de 20 a 30 mil litros de leite por dia é preocupante.

Segundo levantamento feito pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB) aproximadamente duas mil cabeças de gado morrem semanalmente, fazendo a produção de leite despencar para 10 mil litros diários, com perspectiva de reduzir ainda mais.

Pioneirismo – Há meses os municípios nordestinos vêm enfrentando os efeitos da seca utilizando todos os recursos e instrumentos que estão “à mão”. Para escapar das consequencias da longa estiagem, Senhor do Bonfim buscou no pioneirismo uma alternativa que deve salvaguardar da extinção a Cadeia Produtiva do Leite do Quicé, construída há 30 anos, sendo 15 deles dedicados ao melhoramento genético do rebanho.

“A questão da seca tem empurrado os municípios para saídas tradicionais e emergenciais a exemplo de: limpeza de aguadas e serviço de carros-pipa. Precisamos avançar nas propostas visando a manutenção de cadeias produtivas que estão sendo dizimadas, como a da carne e do leite. Nosso município propôs o confinamento como uma perspectiva importante, visto que além de despertar e manter o espírito de sobrevivência e cooperativismo dos produtores, permite a concentração de esforços quanto à comida, a oferta de água e o acompanhamento nutricional balanceado, salvando-se a cadeia genética em perigo” – esclarece o prefeito de Senhor do Bonfim Paulo Machado.

Parcerias – O Confinamento Coletivo conta com o apoio da Secretaria Estadual de Agricultura da Bahia (Seagri), da Agrovale (companhia açucareira da região do Vale do São Francisco), da Tortuga (empresa especializada em nutrição animal) e de produtores de leite locais que estão doando alimentos (8 a 10 toneladas) e disponibilizando ajuda técnica especializada: veterinário, nutricionista e agrônomo.

Apesar do projeto já apresentar resultados satisfatórios, o prefeito de Senhor do Bonfim, ciente da necessidade de reforços, ratificou a importância das parcerias. “Essa ação não pode se restringir aos esforços municipais e necessita do apoio e planejamento conjunto com os governos estadual e federal” – enfatizou Machado.

ASCOM
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