De volta à realidade, bonfinenses se deram conta que deveriam pagar as contas, depois do feriadão de Semana Santa, e para não ter que pagar juros, muitos se submeteram por mais de três horas, sob o sol ardente que há dias castiga a cidade de Senhor do Bonfim, na fila da casa lotérica “Treze da Sorte”, situada a Praça Dr. Antonio Gonçalves.
Mas, o bonfinense não perde tempo, e não deixa a peteca cair, mesmo sob a lentidão do “sistema”, da casa lotérica, podia se ouvir em alto e bom som, narrativas do dia a dia, contos que as vezes as pessoas caiam na risada, de tão cômicos que eram.
Um dos personagens responsável pela descontração das pessoas, no interior da agência, foi o senhor ISIDORO, conhecido popularmente como “El Shaday”, que com seu tom sempre alto, contava suas histórias, falava sobre religião, cultura, cotidiano, etc, fazendo com que o tempo passasse e com que as reclamações fossem esquecidas, por todos que ao ouvir suas histórias realmente não conseguiam ficar sérios.
Dentre os contos ele relatou, sobre um primo seu na qual um médico, teria dado um ano de vida para o tal primo e disse:
“certa vez meu primo foi a um médico e lá foi dito a ele que, um ano seria a duração de sua vida, preocupado, o primo chegou em casa chamou a família e repartiu as terras em parte iguais, pegou o que lhe restou e comprou mercadoria suficiente para um ano, ali sentou num determinado lugar e era só comendo e dormindo, comendo e dormindo, sem tomar vento nem fogo, nessa situação o primo viveu 22 anos e teve artrose, artrite, e no dia que morreu foi necessário cortar os ossos dos cotovelos e dos joelhos com machado, para por no caixão, pois sem nem mesmo se levantar o primo morreu entrevado”.
Todos ali ficavam admirados com as histórias do senhor Isidoro, e nesse meio termo o tal do “sistema” voltava e logo ia embora, mas a situação passou a ser vista como motivo de brincadeira, maridos e funcionários de empresas, preocupados com a explicação que deveriam apresentar relaxavam dizendo, “minha salvação vai ser a hora que ficará registrada no documento pago”.
Uma fila enorme chegou a se formar até próximo dos quiosques de acarajé, e quando bem queria o “sistema” voltava e a única fila que andava era a de “especiais”, que é reservada para deficientes físicos, gestantes e idosos, enquanto estava fora o “sistema”, e sem alternativa sobre o que ser feito, o que mais se via era as funcionárias falando de modo assustado em seus celulares.
Questionamos uma funcionária sobre o motivo de tamanhas quedas incessantes do “sistema”, ela disse que todas as segundas-feiras, o ritmo lento já é visto com naturalidade, ainda disse que o feriadão passado ajudou para que pessoas deixassem suas contas para quitá-las nessa segunda, outra funcionária tentou colocar a culpa nos clientes, dizendo que as funcionárias não tinham culpa (ninguém havia culpado nenhuma funcionária na ocasião), e disse; “a culpa é de vocês que tiveram o dia todo e só no fim da tarde decidiram vir pagas as contas e ai o ‘sistema’ trava mesmo”.
O clima parecia que iria ficar tenso, apesar de muitos não suportarem a demora e decidiram deixar para o dia seguinte, mesmo com o risco de cobranças de juros, e outros questionavam, “se o ‘sistema’ voltar vocês irão continuar atendendo?”, e surpreendentemente o tal do “sistema resolveu voltar acelerado somente depois das 18h25min, sendo que as funcionárias continuaram atendendo até por volta das 18h40min, quando as portas foram fechadas.
Quem irá pagar de fato os juros que não serão descontados, nem justificativas das quedas do “sistema” serão aceitos como desculpas?
Maravilha Notícias