Uma carta elaborada no domingo dia 02 de outubro, pela presidência do PT bonfinense e datada a posteriori como sendo do dia 04, foi enviada à imprensa, bem antes de chegar às minhas mãos. Qualquer leitor de inteligência média percebe que o jogo de palavras e de cena, com o uso do heróico Partido dos Trabalhadores como escudo, esconde a verdade dos fatos que a direção local procura escamotear, fugindo do foco da questão.
Fica claro, uma vez por todas, quem traiu e foi traído nessa história: a cansativa e verborrágica carta diz que desde que me filiei ao Partido ali tive oposição, desconfiança, maquinações. O episódio da trama que me proibiria de ser candidato apenas foi um desdobramento dessas desconfianças e urdiduras.
Os membros simples do partido, os que têm sido enganados por discursos que escondem fortes jogos de poder e interesses pessoais e de um grupo que fez da Direção do partido um feudo, um dia acordarão e se darão conta de como o partido tem sido usado para alimentar projetos de poder e de crescimento de toda a ordem de um grupo bem articulado e cúmplice de intenções e atitudes.
À retórica vazia e filosoficamente mal estruturada do texto publicado, apresento em detalhe, com fatos, o que uma minoria ambiciosa vem escondendo dos filiados do PT, aos quais respeito e continuarei a respeitar:
BREVE RELATO CIRCUNSTANCIADO DOS FATOS E INTENÇÕES QUE APROFUNDARAM A CRISE DO PT BONFINENSE E OBRIGARAM O PREFEITO PAULO MACHADO A ABANDONAR O PARTIDO
1. A EXONERAÇÃO da Secretária de Saude, Gorete Brás, provocou um progressivo processo de conflitos e acusações, que se repetiram em sucessivas reuniões do partido;
2. Um mês após a exoneração da Secretária, o Prefeito Paulo Machado participou de reunião em que apresentou balancete financeiro fazendo ver a existência de uma dívida interna e externa fruto da má gestão da então secretária;
3. Nomeada para outra Secretaria, a ex-presidente do partido fazia oposição declarada ao governo, confirmando o que dissera na casa do prefeito, ao saber que seria exonerada: “eu irei destruir Paulo Machado”;
4. Iniciada a discussão quanto às eleições 2012, alguns membros do Diretório Municipal e o Secretário de Governo Carlos Brasileiro articularam o discurso de que “o prefeito é candidato natural porém em abril do próximo ano, se estiver bem, será o candidato, podendo haver prévias”. A Presidente municipal do PT chegou a dizer em reunião: “ Lá fora, para a mídia, eu digo que o professor é o candidato, mas aqui dentro temos de definir em abril de 2012, o professor precisa re-pactuar muita coisa”. O prefeito disse abertamente que as prévias eram discriminatórias, pois isto não ocorrera com Brasileiro, e que não aceitaria participar de prévias;
5. Carlos Brasileiro insinuava que o Governador indagara se ele não queria ser candidato em 2012 e dele ouviu quando da inauguração da UNIVASF: “Brasileiro, pegar um companheiro que está sentado no poder e levar às prévias, de duas uma: ou se quer descartar o companheiro, ou se quer enfraquecê-lo”. O Secretário prometeu que procuraria contornar esse conflito, o que não fez em momento algum;
6. Na última reunião de Diretório da qual participou, o prefeito pediu se votasse a proposta aprovada em Congresso recente do PT: “o Diretório pode, por 70 por cento de seus membros, decidir se haverá ou não prévias em municípios já governados por companheiros”. A ex-presidente Gorete não deixou sequer a proposta fosse votada, confirmando que “só em abril, se o senhor estiver bem”;
7. Enquanto o deputado Josias Gomes e o senador Pinheiro tentavam uma reunião em Salvador para confirmar a candidatura do Prefeito, pessoas do staff do secretário Carlos Brasileiro afirmaram em Bonfim que o prefeito não seria candidato, e que o nome a ser consagrado seria o de Adilson Brasileiro; vereadores, a exemplo do vereador Tavinho, dele ouviram, por ocasião da medição do aeroporto para Bonfim, que eu não poderia mais ser o candidato a prefeito, que era preciso escolher outro nome;
8. Diante das evidências, o prefeito encaminhou pedido de desfiliação, que foi aceito de pronto, e acatado em reunião do Diretório 24 horas depois;
9. No domingo, dia 2 de outubro, o Prefeito recebeu a visita do Deputado Josias Gomes, sendo convidado a retornar pura e simples ao Partido dos Trabalhadores; disse-lhe o prefeito que aguardaria a reunião do Diretório com Brasileiro e com o Presidente Estadual do Partido, Jonas Paulo e permaneceu em sua residência no aguardo de encaminhamentos que nunca foram pensados nem propostos;
10. Às 11 horas, reunião no Diretório, com presença de Carlos Brasileiro, deu-se o meu afastamento como irreversível e não houve nenhum esforço no sentido de escutar o prefeito;
11. O Secretário Carlos Brasileiro convocara para reunião em um restaurante da cidade alguns membros da sociedade bonfinense e os vereadores, ocasião em que destilou ódio mortal, desdobrando-se em acusações e valorações negativas do prefeito sem que este ali estivesse para estabelecer o contraditório. Falava o secretário em impossibilidade de convivência e de realizar campanha com o prefeito Paulo Machado, dando o fato como consumado;
12. O Presidente estadual do PT Jonas Paulo reuniu-se em Senhor do Bonfim, no referido domingo, às 14 horas, com alguns membros do Diretório e orientou e assinou nota pública em que se oficializava a retirada do Prefeito do Partido dos Trabalhadores, sem propor alguma reunião em vista à reversão do conflito; daí nasceria também uma carta que seria encaminhada à imprensa e ao Prefeito somente no dia 11 de outubro;
13. Concluindo que interessava de fato a membros da direção do partido em Senhor do Bonfim o descarte do prefeito, nada mais lhe restou senão filiar-se de fato a outro partido;
14. Em reunião realizada na data de hoje o partido seguiu à risca a orientação dada por Carlos Brasileiro em blog , o “Maravilha Noticias”: “rompimento com o governo municipal, e colocação dos cargos à disposição, cabendo ao prefeito aceitar ou não”. Nota em que o Prefeito é chamado de “traidor”;
15. Deixo a Deus e à história o julgamento: nada feito às escondidas deixará um dia de vir às claras. Deverá inclusive o Secretário Carlos Brasileiro explicar por que sempre interveio no partido quando isto lhe convinha (imposição do nome do candidato Ivan Barbosa na convenção eleitoral; incentivo e apoio ao prefeito quando da exoneração da secretária Gorete Brás; silêncio e omissão quando da exoneração da Diretora da Direc 28 e Presidente do Partido Rita Brás), mas preferiu em nada cooperar para evitar o conflito que resultou na desfiliação do Prefeito Paulo Machado do PT. Pelo contrário, urdiu reuniões e tomadas de posição para expulsar de vez o Prefeito incômodo, deixando-lhe livre o caminho para tentar retornar à Casa Amarela Bonfinense, o que já se delineia pelos últimos discursos que vêm enviando à imprensa local.
Senhor do Bonfim, Bahia, 11 de outubro de 11. Paulo Batista Machado
A CARTA RETÓRICA DA PRESIDENTE DO PT DE SENHOR DO BONFIM E A VERDADE DOS FATOS
Netto Maravilha
0
Comentários