Um projeto típico de países de primeiro mundo está na pauta de ações prioritárias do Governo Cuidando da Nossa Gente este ano. Desde sua concepção, em meados de 2009, a Cooperativa de Catadores de Material Reciclável de Senhor do Bonfim vem alimentando a esperança de promover um verdadeiro efeito dominó nos costumes dos bonfinenses no que se refere ao modo como “o lixo” é visto e tratado.
O projeto une sob o mesmo objetivo a Prefeitura de Senhor do Bonfim, através da Secretaria de Meio Ambiente (Semam), a Secretaria Estadual de Trabalho, Renda e Esporte (Setre) e a Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Esta junção de forças já fez com que a Cooperativa de Catadores desse os primeiros passos rumo a sua implantação.
Os catadores – Com a efetivação da Cooperativa, homens e mulheres que passam boa parte de suas vidas recolhendo material reciclável nas ruas e no aterro sanitário de Bonfim para sobreviver, poderão encontrar os meios necessários para dar um salto qualitativo em suas vidas. Mas para que isso ocorra a compreensão é um item fundamental.
“É preciso que eles entendam o que é a cooperativa. Nós já prevemos a capacitação dos catadores. Eles já tiveram uma com a Uneb no ano passado e agora retornamos para explicar os benefícios do projeto. Vai depender do catador querer se superar, de poder enxergar os benefícios que eles terão e depende também da nossa capacidade de articulação com esse grupo” – esclarece o coordenador do departamento de Serviços Públicos da Semam, Diogo Rios.
Atualmente, cerca de 60 famílias (300 pessoas) dependem daquilo que a maioria das pessoas, distraidamente, apenas considera lixo: plásticos, vidros, metais e papelões que são descartados diariamente pelas casas e pelo comércio local.
“São dois grupos na verdade: tem o pessoal que usa carrinho manual coletando papelão e garrafas peti na rua e os catadores do lixão, que estão mais expostos ao perigo. Nós temos catadores que moram bem próximos ao lixão, mas alguns moram em sua maioria nas suas próprias casas, nos Limões ou na própria estrada, próximo ao lixão” – revela Rios.
Investimento – Para por a ideia em prática e transformar essa realidade serão investidos uma quantia que gira em torno de R$ 150 mil. “A primeira etapa trata de instrumentalizar a cooperativa: equipamento de escritório, impressão de cartilhas, cursos de capacitação, materiais de consumo como os EPI’s (equipamentos de proteção individual) e aquisição do maquinário: prensa (com capacidade de comprimir fardos de até 300 kg) e empilhadeira”.
Uma ação e dois valiosos benefícios – Logo se vê o potencial de transformação que a iniciativa terá em relação à essa classe de trabalhadores, no entanto, não é o único. A Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável de Senhor do Bonfim vai desaguar em mudança comportamental que começará por um pequeno grupo e se estenderá por toda a cidade, criando um círculo virtuoso.
“Toda a sociedade vai estar envolvida nesse processo. A coleta seletiva começa paralelo ao processo dos catadores. Nós desenvolveremos a cooperativa e paralelamente a isso faremos um estudo de possibilidades para saber quais bairros terão maior facilidade de implantação, para usá-los como exemplo. Assim a cooperativa crescerá de forma sustentável no município de Senhor do Bonfim” – afirma Diogo Rios.
ASCOM