Sonho e saudade nos trilhos bonfinenses
A voz do prefeito Paulo Machado irrompeu forte no Salão de Reuniões: “Pronto, está garantido. O folguedo junino vai rodar de novo, e de forma melhor, sobre os trilhos neste São João 2010”. Era só o que faltava para esgotar o último ponto importante da Comissão Coordenadora. A confirmação já existia, o trem viria, mas não com os avanços agora anunciados:
A FCA – Ferrovia Centro-Atlântica – aceitou afinal que o percurso da viagem fosse aumentado, que o trem do forró ficasse disponível por 7 horas diárias e não por seis, que o vagão passasse de 20 para 35 passageiros por viagem, que as viagens por dia subissem para seis e que os espaços fossem redimensionados para comportar sanfoneiros, comidas típicas, água, refrigerantes etc. compatíveis com o nível desejável.
Triunfo “Marcamos um tento de Copa do Mundo porque superamos a experiência piloto de 2009 já abrindo o caminho para tornar o Forró no Trem em quesito fixo da nossa festa” – completou o gestor municipal. Imediatamente, Claudio Nunes (Indústria, Comércio e Turismo) passou a adequar o número e a qualidade dos ingressos. “Cada passageiro terá direito a um kit com camisa estilizada e ingresso, R$ 30,00 cada, para a viagem. Os dias serão sexta-feira (25) e sábado (26), das 10 à 17 horas” Sua informação foi objetiva. Porém, os mais de 30 integrantes da Comissão contentes com o fechamento caíram no inevitável e necessário devaneio:
“É ou não é um privilégio para Bonfim a vinda anual do trem?”. – É mais que um privilégio!”. – “Mas é preciso queixo e saber negociar!...” – “Tinham oito concorrentes, vocês sabiam?” – “Ô, e tem tanto São João assim na linha de trem?”– “Se tem? Vá contar de Juazeiro a Salvador? – “O que resolve é pagamento”. – “O que, e prestígio não vale?” – “Desculpem, o que vale é que o trem estar garantido”. – “Gostei! Você foi o mais objetivo. Valeu!”.
Imaginário Os gritos da discussão cordial, própria de final feliz, não escondem a vaidade provinciana que tempera o gosto bonfinense em conservar suas tradições. No fundo de cada grito estão, à figura objetiva da impagável permanência da “Estação da Leste”, os pontos ferroviários de Cariacá e Carrapichel. E sem dúvida a emblemática Missão do Sahy e os consangüíneos cariris adentrando o que nos abraça: a Serra do Espinhaço. Esses são valores que teceram a música, a poesia, o teatro e arte e literatura da terra. E o fizeram com uma cultura que não se divorcia do Casamento matuto, que não perde a exclusividade no Samba-de-lata e que cultiva o Arraiá da Tapera com amor filial. Para manter essa sua identidade cultural Senhor do Bonfim trava guerra pelo Show de espadas, carrega na alma o que foi legado pelo Cine-Teatro São José e reconhece nas Bandas de Pífano a inimitável tecnologia cabocla do Calumbi. Cada grito fala freudianamente de uma saudade que homenageia o “Beco do Bazar” no cantinho mais recôndito do coração, que ainda bate pelo papai e pelo vovô. Nem são gritos. São sonhos de uma geopolítica sertaneja feita para somar. Quão adorável é que a Praça Nova do Congresso depois de tanta glória contemple agora as Alvoradas da dispersão do convidativo Parque da Cidade. Que solução mágica foi a instituição do Forrobodó! Por que então não derramar vibração pela vinda “e de forma melhor”, do Trem do Forró? Gritos assim, imanentes à subjetividade da província, substituem “bairrismos” e “saudosismos” por alegres nostalgias – paixões sem as quais Senhor do Bonfim não seria a Capital Baiana do Forró.
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Quinta-feira 10/06 Arrematadas as pendências estruturais da festa, nos seus três circuitos, o Governo Municipal confirmou toda a orientação das consultorias e decretou o lançamento de todo o projeto junino, com as manifestações musicais e artísticas de praxe, na área central da cidade. Portanto, nesta quinta-feira, dia 10, às 17 horas, o Calçadão será palco de anúncio e prenúncio do São João 2010, para a população bonfinense.
Governo Cuidando da Nossa Gente
Assessoria de Comunicação Social